Ricos e pobres
Consultando leituras antigas encontrei uma declaração de António Guterres que diz "se os ricos não tratam da vida dos pobres, um dia serão os pobres a tratar da vida dos ricos".
Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.
A frase parece bem construída, mas ao refletir sobre recentes declarações do Papa Francisco, concluí que devemos analisar com mais rigor o conteúdo daquela frase do atual Secretário Geral das Nações Unidas.
Por três razões. A primeira porque parte do princípio que a existência de ricos e pobres é uma fatalidade e uma realidade inalterável e por isso só nos resta aceitar; a segunda porque pressupõe que a solução para ultrapassar esta sociedade injusta e desumana é a caridade; por último porque entende que os ricos devem praticar a caridade, não para ajudar quem precisa, mas porque, se o não fizerem, serão os pobres a tratar-lhes da saúde, ou seja, podem indignar-se e tomar medidas que acabem definitivamente com os ricos.
Há centenas de declarações do Papa Francisco sobre a pobreza. Recentemente declarou "os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma".
Ha quem diga, de facto, que há-de haver sempre ricos e pobres e que o mundo vai ser sempre assim. Pela minha parte, não me conformo. Acho até, que quem assim fala, não está preocupado com a situação de miséria de milhões de pessoas, mas com o facto de haver gente por todo o mundo, que luta, nas ruas e nas empresas, por uma vida digna.
Mas o mundo não pára e a luta conduzirá, mais cedo ou mais tarde, a um mundo novo.
Para todos.
9/09/2024
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