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Por uma economia que sirva as pessoas

O Papa Francisco, ao referir-se à economia do sistema capitalista, disse: "ESTA ECONOMIA MATA" Com esta evidência titulei o meu primeiro texto de opinião, aqui publicado em Junho de 2023. Ao recordá-lo, ocorre-me tecer algumas reflexões sobre a nossa vida coletiva e o 11 de Março de 1975.

Por uma economia que sirva as pessoas

Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.

Após quase meio século de fascismo, o Movimento das Forças Armadas, em unidade com as massas populares, encetou um novo rumo, empreendendo uma governação com preocupações sociais. Fê-lo com imensas resistências, de que são exemplos a tentativa do golpe Palma Carlos, em Julho de 1974, depois em Setembro do mesmo ano a manifestação da que foi designada "maioria silenciosa" no Campo Pequeno, e sobretudo a tentavia do golpe de 11 de Março que levou Spinola a refugiar-se em Espanha.

Governar é tomar decisões, é fazer escolhas. Um governo progressista, como os que então tivemos após o 25 de Abril, para atingir os seus objectivos, para materializar uma política social que erradique a pobreza, e crie riqueza para todos, tem de empreender uma política, e implementar uma dinâmica governativa socialmente engajada.

Com Abril e na sequência do 11 de Março, foi nacionalizada a banca, os seguros, as mais importantes empresas industriais e das comunicações. Recordo a Siderurgia, Sacor, TAP, Sonap, CP, Cimentos e outras. Com Abril concretizou-se a Reforma Agrária, a ocupação da terra por quem a trabalha. Com Abril abraçou-se uma via socializante, como se dizia. Em mãos governativas ficaram as alavancas da economia, a fim de criar um país mais equilibrado e justo para todos.

Entretanto, a partir de 1978 e na década seguinte, deu-se a recuperação e recomposição de grandes grupos económicos. Banca, seguros, empresas como PT, EDP, Brisa, Tabaqueira, Portucel, Quimigal, Setenave, e outras, foram devolvidas ao grande capital.

Mais recentemente, no período da troika, foram implementados negócios ruinosos para o erário público, foram privatizadas empresas altamente rentáveis, e os seus resultados passaram a beneficiar mãos privadas. Tal é o caso, entre outras, da ANA e dos CTT.

Como escrevi no meu primeiro texto de opinião aqui publicado, com o enormíssimo avanço da ciência e da tecnologia, se o objetivo desta sociedade fosse a felicidade das pessoas, hoje poderíamos gozar de pleno emprego, poderíamos ter mais tempo para a família e o lazer, poderíamos ter uma vida melhor, mais tranquila. Mas a objetivo do sistema capitalista não é a felicidade social; é o lucro!

São chocantes os montantes de lucro auferidos no nosso país (19 grupos económicos tiveram um lucro de 32 milhões de euros por dia). É óbvio que estes lucros escandalosos são retirados ao bem estar social. Entretanto três milhões e duzentos mil trabalhadores ganham por mês menos de mil euros e dois milhões e duzentos mil pensionistas recebem menos de 632 euros.

É hora de reafirmar e recordar a pertinência das palavras do Papa Francisco sobre o capitalismo e a injustiça social: "ESTA ECONOMIA MATA."

É hora de prosseguir a luta por uma sociedade mais justa, por uma economia que sirva as pessoas.

10/03/2025

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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