top of page

O Voto útil

Estou em crer que um número significativo de portugueses tem seguido com atenção os debates das televisões e o conjunto de compromissos que têm sido avançados por cada uma das forças políticas concorrentes às próximas eleições.

O Voto útil

Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.

Antes de continuar acho oportuno recordar aqui algumas palavras de uma recente homilia do Papa Francisco que disse:

“Não nos deixemos seduzir pelos cantos de sereia do populismo, que explora as necessidades do povo propondo soluções muito fáceis e precipitadas. Não sigamos os falsos ‘messias’ que, em nome do lucro, apregoam receitas úteis apenas para aumentar a riqueza de poucos, condenando os pobres à marginalização”, Francisco assegurou ainda que a melhor resposta é “construir um mundo mais fraterno”, rompendo com “aquela surdez interior que nos impede de ouvir o grito abafado de dor dos mais fracos”.

Na verdade o que vai resultar das eleições no próximo dia 10 de Março é muito importante para as nossas vidas. A política é uma atividade nobre, nobre e séria, e o atropelo à legalidade por parte de certos titulares de cargos públicos não deve levar à desmotivação e ao desinteresse que em todas as eleições manifestam muitos eleitores. Não deve levar à abstenção.

Nestes últimos dias temos assistido a muito apelo ao voto útil, sobretudo por parte das forças políticas que admitem poder vencer as eleições, procurando dessa forma reduzir ainda mais a votação nos partidos mais pequenos. A experiência que temos no país, e creio que sobre isto há um grande consenso, é que as maiorias absolutas têm dado para o torto. Por isso, refletindo sobre o tema do apelo ao voto útil, quero deixar clara esta ideia:- O VOTO ÚTIL SÓ É ÚTIL, SE FOR ÚTIL A QUEM O DÁ. Ou seja, cada eleitor é dono do seu voto. E é cada um de nós que, com o seu voto, determina o que vai ser o futuro do país. Ou seja, o voto de cada um, não deve ser útil para o partido A, B ou C, DEVE SER ÚTIL PARA QUEM VOTA E PARA O PAÍS.

Não vamos eleger o 1º. Ministro. Vamos eleger 230 deputados (por isso se chamam eleições legislativas ou eleições para a Assembleia da República) e é da correlação de forças do conjunto desses 230 deputados que sairá a escolha do 1º. Ministro. É por isso que ninguém deve abster-se de participar nesta escolha (votar é um direito do qual estivemos arredados quase cinquenta anos e que nos foi devolvido pelo 25 de Abril). Depois, devemos procurar que o voto seja útil para cada um de nós e para o país, ou seja, devemos procurar escolher deputados que se empenhem na melhoria das nossas condições de vida. Melhores pensões, melhores salários, melhor educação, melhor serviço nacional de saúde, habitação para todos. No fundo, devemos procurar escolher deputados que vão empenhar-se ativamente na construção de uma sociedade mais justa, numa vida melhor para todos.

A Constituição da República Portuguesa consagra um projeto de sociedade bastante diferente e melhor do que aquela que temos. Devemos, pois, todos, lutar por ela e isso faz-se, não só mas também, através das nossas escolhas em atos eleitorais.

Vamos pois votar, todos, no próximo dia 10 de Março. E que cada um o faça de acordo com a sua consciência e os seus interesses, com um voto útil, MAS QUE SEJA ÚTIL PARA SI E PARA O PAÍS.

27/02/2024

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

bottom of page