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Natal

Chegados a Dezembro, o mês do Natal, assalta-me a memória de Londres, capital – em meados do século XIX – de um poderoso império, em que à opulência de alguns correspondia a miséria extrema de milhões de miseráveis: dura realidade a inspirar o pensamento crítico de Karl Marx sobre a sociedade capitalista.

Natal

Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.

No século XX, sobretudo depois da 2ª Guerra Mundial, os países europeus conheceram níveis de desenvolvimento sem precedentes. Na Europa capitalista, às classes trabalhadoras abriram-se horizontes de esperança. Porém, com o passar dos anos, designadamente em Portugal, as desigualdades aí estão, de novo, extremadas. Violentas. Que Natal o nosso? Que Natal o nosso quando 80% dos reformados têm pensões inferiores a quinhentos euros? Que Natal o nosso, quando 70% dos trabalhadores auferem salários abaixo de mil euros? Que Natal o nosso, com gente a viver na rua por não poder pagar a renda? Com tanta gente a ter de decidir se come ou se paga o empréstimo ao Banco, se paga ao senhorio ou se compra os medicamentos?

Ocorre-me à memória José Saramago: “alguém não anda a cumprir o seu dever”. Esta realidade faz-me recuar ao Natal da velha Londres do século XIX.

Dizia Santo Agostinho que a esperança tem duas filhas lindas:- a raiva e a coragem. A raiva pelo estado a que chegamos, a coragem pela possibilidade de lhe dar a volta.

Olhos na vida, olhos na nossa vida, haja coragem de lutar, de intervir, de transformar. Porque quando não se luta, perde-se sempre.

8/12/2023

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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