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Genocídio em Gaza: Até quando?

O Subsecretário-Geral das Nações Unidas, Jorge Moreira da Silva, esteve recentemente em Gaza. Em entrevista às jornalistas Helena Pereira e Susana Madureira Martins (jornal "Público", 22 de Janeiro), este alto dirigente da ONU testemunha o horror que aí se vive:

Genocídio em Gaza: Até quando?

Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.

“Impressionou-me ver o número de crianças feridas que estavam em trânsito para fora de Gaza. Crianças amputadas, crianças desfiguradas e com um olhar resignado, crianças de seis anos com um olhar como se tivessem oitenta e muitos anos. Mais de 50% das casas estão destruídas e 85% da população não vai ter para onde ir no momento em que a guerra terminar. Não há uma única Escola em funcionamento. Por dia em média as crianças têm acesso a um litro de água, quando o que seria necessário eram 15 litros para beber, para alimentação e para higiene. Dos quarenta hospitais de Gaza só dezasseis estão a funcionar parcialmente e 25% da população, quinhentas mil pessoas, estão em situação de fome. Morreram mais crianças nos últimos cem dias do que em todos os conflitos no mundo nos últimos cinco anos. Portanto estamos perante uma catástrofe humana sem precedentes, porque, ao contrário de outras catástrofes humanas, as pessoas não têm para onde fugir”.

(…)“a cólera é um risco real. Há uma casa de banho para quatrocentas pessoas e um chuveiro para mil, oitocentas e cinquenta. (…) 85% da população está concentração nos abrigos. Dá para perceber a situação ultrajante em que as pessoas estão. Temos cinquenta mil grávidas sem qualquer tipo de cuidado que vão dar à luz. Eu já nem sei como adjetivar porque nos últimos cem dias já utilizei todo o dicionário de adjetivos”. “Quando a ajuda chega a Gaza a situação é desesperante, (…) é difícil chegar ao destino porque está tudo bloqueado. Eu vi mais de quinhentos camiões TIR parados na estrada. (…) 75% de todos os pedidos de distribuição são rejeitados devido aos bombardeamentos. Só 14% da ajuda destinada ao Norte de Gaza conseguiu ser entregue.

(…)”. Antigamente havia nove fronteiras em Gaza mas agora apenas duas estão a funcionar. Depois vi uma coisa surpreendente: vi produtos a serem rejeitados por Israel porque considera que podem ser de uso duplo. (…) Eu vi painéis solares, frigoríficos solares, lanternas solares, brinquedos, bonecas, livros para colorir, botijas de oxigénio que são um suporte de vida básico, tudo rejeitado. Quando se rejeita uma caixa porque tem um item supostamente proibido, todo o camião é rejeitado. Portanto, todos estes obstáculos que estão a ser colocados à ajuda humanitária tornam esta guerra ainda mais indigna, ainda mais imoral, ainda mais ultrajante quanto aos direitos básicos”.

Neste quadro de catástrofe, e apesar da pressão interna e da insistência, por exemplo do Papa Francisco e do Cardeal de Jerusalém Netanyahu continua a reafirmar que jamais aceitará a existência de dois estados, e que Israel deve ter o controlo de segurança de todo o território a oeste do rio Jordão.

Neste quadro de catástrofe, como aceitar o veto da administração norte-americana face às decisão do Conselho de Segurança da ONU de condenação a Israel?

Por fim, é hora de recordar palavras de Josep Borrell, alto representante para a Política Externa e Segurança da União Europeia, em discurso pronunciado na Universidade de Valladolid: "o Estado de Israel permitiu o financiamento do Hamas durante vários anos, numa tentativa de enfraquecer a Autoridade Palestiniana e dividir a Palestina politicamente. (…) O Hamas – insistiu Borrel – foi financiado pelo governo de Israel numa tentativa de enfraquecer a Autoridade Palestiniana liderada pelo Fatah”.

29/01/2024

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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