Celebrar Abril
Estamos a duas semanas de celebrar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, um dia memorável e histórico, que está, seguramente, gravado para sempre no coração dos portugueses.
Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.
Estou imensamente grato aos valorosos capitães do MFA, que calorosamente saúdo, mas não posso deixar de referir o papel importante de um vasto conjunto de portugueses que ao longo de muitos anos se empenharam na luta pela conquista das liberdades cívicas e políticas, e que, dessa forma, deram um contributo decisivo para que o 25 de Abril fosse possível.
É verdade que nesse movimento de resistência e luta estiveram pessoas com várias opções políticas, destacando-se, como é conhecido, dirigentes comunistas, em alguns casos com sacrifício das suas próprias vidas, mas houve também elementos com opções religiosas, de que recordo, o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, os padres Joaquim Alves Correia, Abel Varzim, Felicidade Alves, Alberto Neto, Mário Pais de Oliveira, e outros e ainda muitos católicos, não sacerdotes, que sobretudo tomaram posições contra a guerra colonial.
Conhecida como a Revolução dos três dês (descolonizar/democratizar/desenvolver), podemos dizer que os dois primeiros objetivos se concretizaram, mas ainda falta muito para se cumprir o terceiro. Não que não tenhamos tido imensos avanços, que evidentemente tivemos, mas está ainda muito por cumprir.
Depois de aprovada a Constituição da República, que na verdade consagrava um projeto de sociedade avançada e progressista e que assim se manteve, apesar de algumas revisões que tentaram, ainda que com pouco sucesso, desvirtuá-la, temos tido governos que não têm tido a capacidade de encontrar soluções para muitos problemas que continuam a afetar os portugueses. Nos salários, nas pensões, na habitação, na saúde, na justiça, na educação, na precariedade e nos direitos sindicais, há ainda muito trabalho a fazer. E além de tudo isto, que é imenso, nunca se perca de vista que a democracia tem que ser defendida todos os dias. A Liberdade conquista-se e essa é uma luta que nunca podemos abandonar.
Temos já a seguir oportunidade de manifestar o nosso descontentamento. O Primeiro de Maio, Dia de S. José e dos Trabalhadores, tem que ser não apenas de festa, mas também de luta. Luta por pensões dignas, por salários justos, por trabalho com direitos, por resposta aos problemas do povo e do país.
O caminho faz-se caminhando. Por isso, sempre com Abril, para que Abril se cumpra.
10/04/2024
A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.