Afinal... quem ganhou?
Habitualmente a análise dos resultados eleitorais é feita comparando resultados obtidos em eleições anteriores para o mesmo órgão. Ora do meu ponto de vista, a ser assim, trata-se de uma análise muito imperfeita.

Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.
Por exemplo, o Chega e a Iniciativa Liberal, não tinham representantes no Parlamento Europeu e agora passam a ter dois eleitos cada um. Por seu lado, o BE e o PCP tinham dois deputados cada, e agora passaram a ter apenas um. Em minha opinião só foi um mau resultado para o Chega e não foi um mau resultado para nenhum dos outros três. E agora explico porquê.
Não se pode fazer a análise comparando apenas com o que foi obtido nas anteriores. Tem que se ter em conta, sobretudo, quais eram as expectativas.
Reparem caros leitores: dado o resultado obtido pelo Chega nas legislativas de 10 de Março que foi de 18.07% dos votos, a expectativa estava muito alta. O próprio líder dizia na véspera do ato eleitoral que estava na corrida para ganhar as eleições, para ser mesmo o primeiro partido. Ora o resultado é que ficou com 9,79% (baixou 46%) e teve 2 deputados quando o primeiro partido teve 8 (quatro vezes mais).
Podemos, por isso, dizer, que o Chega teve uma derrota significativa e até de certa forma inesperada. Assim, não é de estranhar que a IL tenha subido e tenha aumentado de 4,94% em Março para 9,07% agora. Sim. Para a IL foi uma vitória.
Ao Partido Socialista também me parece que correu bem. Muito destratado por certa comunicação social com casos de justiça, que procuraram atingir a candidatura do PS a dois dias de eleições. Nestas circunstâncias, ter sido o vencedor com mais de 32% foi um resultado positivo. Quanto à Aliança Democrática é menos positivo o facto de, tendo a direita mais 4 deputados do que tinha nas anteriores, a AD não tenha conquistado nenhum. Ou seja, manteve os 7 deputados que tinha (6/PSD e 1/CDS).
Relativamente ao BE e ao PCP, todas as sondagens martelavam diariamente que ambos seriam “varridos” do Parlamento Europeu. Ao PCP (muito desfavorecido na comunicação social), chegaram a atribuir menos de 1% e quando passava disso nunca chegava aos 2%. Em todas as sondagens aparecia atrás do Livre e muitas vezes até depois do PAN. Cerca das 22 horas de Domingo, já com os votos praticamente contados, mas não podiam ainda ser publicitados, diziam as televisões que o BE e o PCP provavelmente não teriam eleitos. Enganaram-se. Em Março a CDU teve 3,17% e agora passou para 4,12% (um aumento de 30%, e o BE em Março teve 4,36 e agora 4,26 (uma descida insignificante). O BE e o PCP continuam representados no Parlamento Europeu, apesar de todas as sondagens e expectativas. Não são por isso, maus resultados.
Se tivermos em conta aquilo que eram as expectativas, podemos dizer que apenas perdeu o Chega, o Livre e o PAN. De todos os restantes, em bom rigor, não se pode dizer isso.
Como conclusão final o que podemos afirmar é que dos 21 deputados eleitos há apenas um que continuará a bater-se pela Paz e essa é uma luta que vale a pena, porque, como várias vezes tem dito o Papa Francisco “a guerra é sempre uma derrota”, e há poucos dias Francisco reafirmou que “arruinar a paz é uma culpa perante a história e um pecado perante Deus”.
Veremos o que o futuro nos reserva, mas não podemos baixar os braços.
Há razões para ter esperança.
12/06/2024
A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.