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A luta continua!

Os resultados das recentes eleições autárquicas animaram muitos balanços. A extrema-direita propunha-se vencer trinta Câmaras, ganhou três. O PSD venceu em muitos municípios, concorrendo em coligação em mais de setenta autarquias. Se o PSD o fizesse sozinho, outros seriam os resultados.

A luta continua!

Artur Ribeiro é comerciante e foi Vereador da CDU na Câmara Municipal de Matosinhos.

Mas, nesta hora, mais do que formular estas ponderações, torna-se imperativo exigir aos vencedores que cumpram promessas. Não é aceitável que, aquando das eleições, estas forças políticas acenem com bandeiras que vão ao encontro das necessidades dos cidadãos, para depois defraudarem as expectativas. Esta é postura enganosa. Inadmissível.

Como aqui escrevi dias antes das eleições, há os que não desistem, os que não desanimam. Mesmo quando conjunturalmente os resultados não são os melhores, os mais favoráveis. A vida tem de continuar. Também a luta.

Este governo propõe um Orçamento do Estado que reduz o IRC para os grandes grupos económicos em dois mil milhões de euros, ao mesmo tempo que corta em áreas fundamentais, como sejam – entre outras – na saúde, na educação, na habitação. Sublinhe-se: enquanto o governo reduz, como disse, o IRC em dois mil milhões às grandes empresas, Banca, Seguros, Gasolineiras, ANA, unidades da grande distribuição (que não aos pequenos e médios empresários), este mesmo governo recusa-se a utilizar os excedentes da Segurança Social para aumentar as pequenas reformas. Reformas de miséria. Não, a crise não é para todos!

Há dias a Comunicação Social propagandeava um jantar de confraternização com mais de uma centena de antigos membros dos governos de Cavaco Silva. Para esses, graças a reformas milionárias, até obscenas, a crise passa ao lado.

Este governo, ao mesmo tempo que dá instruções aos hospitais para cortar no orçamento, que se recusa a utilizar o excedente da Segurança Social para aumentar as pensões, ordena que se comprem cinquenta milhões de euros de armas aos Estados Unidos para a guerra da Ucrânia! Entretanto uma grávida morre por falta de assistência, o bébe morre depois porque o helicóptero do INEM, do Algarve, estava inoperacional, tal como o de Évora. A ministra mente aos Deputados na Assembleia da República e no dia seguinte demite o presidente do hospital Amadora-Sintra. Mas ela não sai.

Como entender que um Orçamento do Estado tão penalizador para a generalidade dos cidadãos, um Orçamento de Estado que todos os dias o Secretário-Geral do PS justamente critica, seja viabilizado pelo Partido Socialista? E enquanto assolados por este paradoxo, na ordem dia está a luta contra as alterações aos direitos laborais que, se a vontade do governo prevalecer, fará os trabalhadores recuarem décadas nos seus direitos.

Actuais e lúcidas são as palavras do saudoso Papa Francisco: "esta economia mata". Palavras que apontam o caminho da luta para que se altere o sistema de acumulação capitalista e se construa uma sociedade mais justa. Uma sociedade onde viver seja um acto permanente de felicidade para todos.

Eu não desisto.

5/11/2025

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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