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A quem serve esta Jornada Mundial da Juventude?

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi uma criação do Papa João Paulo II com o objetivo de reunir a juventude católica de todo o mundo num acontecimento feito de confluências de redes internacionais a que estão associados jovens de vários países, regiões e culturas.

A quem serve esta Jornada Mundial da Juventude?

Edgar Silva foi padre e é investigador no Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa e dirigente do PCP.

Tinha também a intenção de provocar um enorme acontecimento mediático, de multidão aclamando o Papa e de agregação de multidões com a Igreja Católica, em tempos de não poucas e gravíssimas adversidades e provações. A ideia da Igreja Católica era a de organizar um grandioso ponto de encontro e uma manifestação da diversidade de que é feita a juventude e da heterogeneidade de que é composta a Igreja. A JMJ deveria ainda implicar um processo de reflexão sobre assuntos que dizem respeito aos católicos e uma experiência de diálogo alargado com o mundo ou até de capacitação para “ler os sinais dos tempos”.

O Papa Francisco recebeu a realização da JMJ por herança. O Papa que o antecedeu, Bento XVI, no encerramento, em Madrid (2010), convocou para o Rio de Janeiro o novo palco da JMJ (em 2013). Uma daquelas heranças complicadas... Já tudo estava em andamento para o Rio de Janeiro, para a 28.ª JMJ. Então, foi no Brasil, logo depois da sua eleição, que o Papa Francisco participou do seu primeiro compromisso oficial fora do Vaticano. Considerado o maior evento católico internacional para jovens, a JMJ reuniu no Brasil mais de 3 milhões de pessoas em vários pontos da cidade carioca, entre os dias 23 e 28 de julho daquele ano. O Papa Francisco, como lhe competia, anunciou a jornada seguinte (2016), que seria realizada na Polónia, país natal do Papa João Paulo II, o idealizador da JMJ.

De 2013 (Rio de Janeiro) até ao presente momento, o Papa Francisco esteve em três Jornadas: Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019) e está em andamento a 35.ª edição, em Lisboa.

Estará esgotado este modelo ou este tipo de experiência como a JMJ? Teve necessárias adaptações na sua convocação e organização. Começou por ser anual, passou a ser de dois em dois anos, e tem agora um intervalo trianual. Ao longo dos anos, a JMJ precisou de acertos estruturais e novas dinâmicas funcionais, foi alvo de adequações temáticas e conheceu diferentes orientações nos seus conteúdos.

Porém, fechado que está o modelo de organização da Jornada em Lisboa, podemos perguntar para que servirá e a quem servirá esta mobilização de tanta juventude?

Existirão muitos interessados envolvidos nesta Jornada. A verdade é que todo este festival, aquela multidão de jovens a convite do Papa faz de Lisboa um acontecimento. Quer se queira, quer não, quer se esteja com maior ou menor entusiasmo em face da Jornada Mundial da Juventude, é, sobretudo, para o Papa Francisco, e para a Igreja Católica, que Lisboa é um acontecimento especialmente favorável, um grandioso evento que vem em boa hora e que é estrategicamente muito útil. A convocação de milhares de jovens, oriundos de todos os continentes, é, sem dúvida, uma grande oportunidade que está a ser colocada à Igreja Católica. Em muito serve à Igreja num tempo de erosão profunda da sua mensagem e de necessidade de (re)significação, também simbólica, de carência de poder agregador e de adversa capacidade de comunicação mais global.

31/07/2023

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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