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O Sonho da Paz para um Mundo Novo

Ao longo dos últimos anos, temos sido bombardeados diariamente com comentários de analistas políticos, militares, religiosos e historiadores.

O Sonho da Paz para um Mundo Novo

Nuno Pacheco é pároco em Alhos Vedros e Santo André.

Ninguém se declara a favor da guerra, mas todos concordam que o mundo atual enfrenta o fim de uma era e o início de outra, com muitos a afirmarem que estamos diante de uma nova ordem internacional.

Uma pesquisa rápida pelos meios de comunicação revela que, após o fim da Guerra Fria (1991), acreditou-se que as grandes potências evitariam confrontos diretos entre si, pelo simples facto de saberem que tal resultaria no aniquilamento mútuo. Optou-se, então, por apostar na ideia de um mundo global, onde o comércio e o diálogo diplomático — sustentados pelo direito internacional — bastariam para evitar novas guerras, pelo menos no velho continente europeu, ainda marcado pela lembrança de duas terríveis guerras mundiais.

No entanto, uma notícia divulgada pela Euronews, no início deste ano de 2025, dava conta da existência de cerca de 50 conflitos armados ativos em todo o mundo, revelando que a confiança construída nos últimos trinta anos se encontra profundamente abalada. O poder militar volta a ocupar o centro das atenções, reacendendo uma nova corrida ao rearmamento. Tal situação torna o nosso mundo mais perigoso, menos humano e menos fraterno.

Já se vislumbra no horizonte o rumo para onde a humanidade parece caminhar: rearmamento e rivalidades entre potências, novas crises económicas que ampliarão o fosso entre os muito ricos e os extremamente pobres, e uma corrida descontrolada pelo avanço tecnológico, cada vez mais orientado pelos interesses da indústria e do lóbi armamentista.

É neste contexto que se destaca a intervenção do Papa Leão XIV, ao afirmar que a guerra é, na verdade, um “grito da humanidade” e um “sinal de que o mundo perdeu o sentido da fraternidade”. Em maio de 2025, o pontífice declarou:

“A guerra na Ucrânia marca um ponto de viragem: ou escolhemos o caminho do diálogo e da solidariedade, ou mergulhamos novamente nas trevas do ódio e da divisão.”

O que se diz dessa guerra, pode dizer-se de todas as outras.

A paz, tão necessária ao mundo, não pode ser vista apenas como ausência de conflito armado. A verdadeira paz constrói-se dia após dia, através do diálogo, da reconciliação, de instituições justas e de comportamentos individuais baseados na justiça social. Enquanto se continuarem a armar países em conflito, estará a alimentar-se a guerra e a sustentar o lucro perverso da indústria de armamentos, bloqueando a via do diálogo e promovendo uma cultura de ódio que gera morte e sofrimento: os que morrem nas frentes de batalha; os que morrem interiormente ao verem partir os seus; os que ficam privados de um lar e de um trabalho digno.

Diz-se que assistimos ao final de uma era. Que este não seja o tempo do medo constante do fim da humanidade, mas o início de um mundo novo, marcado pela paz — fonte de toda prosperidade dos povos e da dignidade de cada homem e mulher.

Que tenhamos a audácia de sonhar e exigir, daqueles que nos governam, um mundo livre do poder dos grandes, um mundo que viva e respire paz, para que possa desenvolver-se plenamente e realizar o destino humano em toda a sua grandeza.

18/11/2025

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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