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Da justiça social ainda por cumprir… (1)

O tema da justiça social é tema de sempre, é actual e sempre difícil. Porque se trata de falar do que é real, das situações complexas da vida dos portugueses, dos cá nascidos e dos que aqui vieram encontrar nova pátria, assim dos que tiveram de se retirar do território nacional na senda de melhores condições de vida.

Da justiça social ainda por cumprir… (1)

Duarte Nuno Morgado é formado em Teologia, membro de diversas associações de cariz cultural e social e atualmente Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Loures.

No discurso sobre a justiça social não nos podemos deter no que já foi conseguido e alcançado como se fossem grandes conquistas porque há tanto ainda por fazer que o conformismo de quem já alcançou uma situação mais serena e resolvida, nada ou pouco tem já de presente acerca das condições de vulnerabilidade ou de precariedade que marcam a vida de tantos portugueses.

De debate em debate, de greve em greve, de discussão parlamentar em discussão, muitos têm sido os palcos onde as vozes dos aflitos gritam por melhores condições, por mais apoios, por mais dignidade. Mas vejamos como basta viver o dia-a-dia na rua, nos espaços comerciais, nos locais de trabalho, dentro das famílias, junto dos amigos, assistir à cena política nacional e autárquica e compreendemos tudo que nada está tão bem como se quer fazer crer. Como pode estar tudo bem? Como vai ficar tudo bem? Como e quando? De que modo é que veremos os portugueses reconhecerem que a sua vida é digna e vivida com as condições que deveriam ter há muito mais tempo?

Todos dizemos que é necessária mais e melhor justiça, mas não esqueçamos que por justiça se entende também o âmbito social, o modo de vida dos cidadãos, não somente o cumprimento das regras e da Lei, mas a qualidade com que vivem as populações, as pessoas.

Se porventura são importantes os impactes económicos das políticas internacionais, verdade é que o Governo de Portugal não deve nem pode abdicar de assumir a sua responsabilidade direta sobre a vida de milhões de pessoas num país que não sendo pobre, se vê cada vez mais empobrecido. Com recursos estratégicos de ordem vária, como pode Portugal ser um país que continuamente ver o mar da prosperidade a partir de uma escarpa vertiginosa e profundamente fatal? Porque os pobres estão aí, porque os velhos já o são e requerem maior apoio e conforto numa fase da vida para a qual contribuíram e da qual esperam pelo menos alguma dignidade. Porque é de dignidade que se trata a justiça social. Como pode um país ter sucesso com a precariedade como linha condutora?

13/02/2023

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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