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Os jovens e os seus desafios

Com o aproximar da data da Jornada Mundial da Juventude, dinamizou-se um debate em Outubro de 2022 subjacente ao tema “Os Jovens e os Seus Desafios”, integrado nas festas da semana da padroeira na Paróquia de Santa Maria de Loures, que vale a pena recordar.

Os jovens e os seus desafios

Cristina Capitão é autarca da CDU, foi dirigente associativa e integrou equipas de voluntariado em projetos educativos, sociais e religiosos.

O painel foi moderado por Sérgio Pratas, licenciado em Direito e Mestre em Administração e Políticas Públicas, teve a participação de Francisco Nabais, estudante universitário, Padre Francisco Inocêncio, Prior da Paróquia de Loures, Ricardo Preto, dirigente associativo e Sérgio Dias Branco, professor universitário.

Foi um amplo debate, com intervenções enriquecedoras, que reforçaram a necessidade de continuar a lutar contra os constantes arrepios que colocam em causa os valores de Abril, consagrados na Constituição da República Portuguesa.

Entre as várias questões debatidas, abordaram-se temáticas próprias da Juventude, nomeadamente dos estudantes universitários que enfrentam, cada vez mais, dificuldades em pagarem as propinas, levando alguns a desistirem do Curso ou a procurar trabalho precário para fazerem face às necessidades básicas, punindo a sua vida académica. Referiu-se ainda a tardia resposta à falta de alojamento estudantil - são poucos os que têm lugar em residências pelo que a maioria dos estudantes têm de suportar e/ou partilhar rendas de casas e quartos com valores exorbitantes

Foi ainda sublinhado o impacto que a pandemia teve no agravar da crise económica e social, quando muitos jovens nem sequer possuíam um computador para assistirem às aulas, segundo testemunho do jovem Francisco Nabais, 20 anos, aluno de História na Universidade Nova de Lisboa e membro da associação de estudantes da FCSH, que afirmou que os jovens não se conformam nem se resignam e realçou a importância fundamental da existência e participação em espaços para debater estes assuntos.

Ricardo Preto, 27 anos, contabilista e Dirigente Associativo, sublinhou a importância da participação dos jovens no futuro do associativismo, a sua participação social e integração nas direções das associações, contribuindo para o conhecimento real da situação da juventude, da sua área de intervenção e, em cooperação com outras entidades, procurar ajudar a resolver os problemas dando resposta às necessidades essenciais, através de uma participação que acrescenta valor, energia e dinâmica ao associativismo local.

O Padre Francisco Inocêncio, Prior da Paróquia de Loures, integrou também o painel e com base na mensagem do Papa Francisco “Façam Barulho”, referiu a importância dos jovens se organizarem e ouvirem-se uns aos outros. Referiu também que o “Evangelho segundo S. Lucas” retrata bem que Deus não rejeita ninguém, se Deus é Pai, cada pessoa que está em frente, é filha de Deus. Com a realização do Concílio Vaticano II e a busca de diálogo da Igreja com o mundo, ouvir, refletir, julgar, agir é fundamental para acompanhar os jovens.

Sérgio Dias Branco, Professor Universitário da Universidade de Coimbra, Leigo Dominicano, olha para a Juventude como o Futuro. Afirma que a religião não é uma barreira para a conquista da justiça e solidariedade, antes está ligada à vida das pessoas e pode e deve contribuir para a construção de um mundo mais justo e fraterno. Sérgio Dias Branco afirmou ainda que é essencial lutar pelo direito à habitação, acabar com a precaridade no emprego, os baixos salários, os horários desregulados, os atropelos no direito à maternidade, é fundamental intervir e tentar contribuir para uma sociedade mais justa.

​Na assembleia presente, os jovens, em diferentes patamares de vida e com diversas experiências, não ficaram indiferentes ao debate e deram testemunho da sua realidade: os que tiveram de sair do país e ao regressar não encontram resposta no mercado de trabalho, embora possuam elevado grau académico, os que veem constantemente as portas fecharem-se porque lhes é exigida experiência profissional, ao saírem da faculdade, os que lhes são atribuídas bolsas com valores que não permitem a dedicação em exclusivo à vida académica, a dificuldade em constituir família, a especulação imobiliária, e, os que estão empenhados em erguer a sua voz, tomando a iniciativa de lutar por um Ensino Superior Público, gratuito, democrático e de qualidade, pelo fim das propinas, pelo reforço da ação social escolar e pelo alojamento público para estudantes.

​No fim do debate, ficou a certeza de que os jovens têm a audácia de sonhar e construir, e que assumem um papel central, onde o sonho comanda a vida, tomando a iniciativa de defender os valores de Abril, transformar o mundo e acabar com a exploração do Homem pelo Homem!

8/05/2023

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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