Parar o genocídio em Gaza, resgatar a humanidade.
Quando em 18 meses a guerra provoca mais de 50 mil mortos e 193 mil feridos, quando 15 bebés morrem à fome em 24 horas, quando existem fuzilamentos em filas para água e comida, quando são bombardeados campos de refugiados e igrejas, quando um povo está a ser exterminado, perante as meias palavras ou a indiferença dos responsáveis políticos, isso significa que o mal está a avançar e que a humanidade está a ser sequestrada.

Miguel Friezas é licenciado em Sociologia e activista sindical.
Escrevo de “coração apertado” ao ver as imagens da guerra e da fome em Gaza, recordo as fotos que vi em Auschwitz e que acreditei não voltarem a ser possíveis, por supostamente, após 1945 o mundo ter aprendido que o ódio e os genocídios são expressão maior da desumanização, contrários ao que deve ser o rumo da história: a paz, a solidariedade e o bem-estar de todos e de todas.
Envergonho-me de o Governo Português insistir colocar-se do lado do agressor e pela sua inércia, compactuar com violações de direitos humanos, com crimes de guerra e violações do direito internacional, como são exemplo a invasão das instalações da Organização Mundial da Saúde, em Gaza ou os ataques deliberados aos representantes das Nações Unidas.
De nada adianta o Governo Português dizer-se “neutro” pois quando não se age o que se está a fazer é tomar uma posição e neste caso do lado do agressor. Não é neutral a maioria na Assembleia da República rejeitar um voto de recomendação, proposto pelo PCP, pelo reconhecimento do Estado da Palestina. Não se é neutro, quando na Cimeira da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, o governo se mostra contra à referência da fome em Gaza.
A Palestina existe e já é reconhecida, enquanto Estado, por 143 países dos 193 membros da Organização das Nações Unidas. O seu povo está a ser dizimado e ao contrário do Governo Português, o povo e os trabalhadores não devem ficar calados.
Devemos unir-nos e levantar as nossas vozes, denunciar, exigir o fim da guerra contra o povo palestiniano. Tal como fizemos com Timor, “é hora de pôr fim a este massacre” e resgatar a humanidade.
Todos os gestos contam. A Associação Recreativa e Desportiva o Relâmpago, pequeno clube de Lisboa, está a promover a iniciativa “Correr por Gaza”, reunindo esforços e vontades de mais de 200 atletas amadores, que ao correrem por todo o País se propõem lutar pelo fim do genocídio, pela paz, pela liberdade e pelo direito à autodeterminação do povo Palestiniano.
A correr, a andar, a cantar ou em qualquer outra ação, agarro-me à esperança:- os portugueses não vão fechar os olhos à tragédia em Gaza. Afinal “nós partilhamos a mesma biologia, independentemente da ideologia. Acreditem em mim quando lhes digo” os palestinianos também amam os seus filhos.
Lutemos para que amem os seus filhos em paz
28/07/2025
A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.
