O activismo católico na construção da paz (3)

Nove países, incluindo o Reino Unido e a França, juntos possuem cerca de 14.000 armas nucleares. Holanda, Bélgica, Itália, e Alemanha também possuem armas nucleares dos EUA e estão preparados para as utilizar em guerra como parte da NATO. A maioria das armas nucleares de hoje é muito mais poderosa do que as bombas atómicas lançadas no Japão em 1945. A explosão, o calor e a radiação de uma única bomba nuclear sobre uma grande cidade podem matar e ferir um milhão de pessoas. Os países com armas nucleares estão todos a modernizar os seus arsenais no que parece cada vez mais uma nova corrida armamentista nuclear. Além disso, os EUA e a Rússia já abandonaram o tratado que proíbe os mísseis nucleares de médio alcance, que devido ao seu alcance ameaçam principalmente a Europa.

As armas nucleares são a única arma de destruição em massa que não está sujeita a uma proibição abrangente, apesar das suas catastróficas consequências humanitárias e ambientais. (1)

Sobre a paz no Médio Oriente, disse-nos a Pax Christi International na mesma altura, no contexto das danosas decisões da Administração Trump que agravaram o conflito, mais uma vez, infelizmente, algo ainda actual:

Uma resolução justa para o conflito israelo-palestiniano de longa data é fundamental para a paz no Médio Oriente e no nosso mundo de hoje. Mais de 71 anos de violência e 52 anos de ocupação militar resultaram em violações generalizadas dos direitos humanos de mulheres, homens, e crianças. Em particular, a situação nos Territórios Palestinianos Ocupados é motivo de alarme. Diariamente, há violações do direito internacional relacionadas com a ocupação militar israelita, ocorrendo tanto em pequena quanto em grande escala. Em Gaza, doze anos de bloqueio devastador por terra, ar, e mar levaram 2 milhões de pessoas à beira de uma existência desumana. (2)

O que a Pax Christi International propõe é, entre outras coisas,

Apelar aos Estados-Membros da UE para aderirem à Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, que exige a distinção entre o território do Estado de Israel e os territórios ocupados em 1967 em todas as negociações relevantes, incluindo a implementação da decisão da UE sobre a rotulagem de produtos de colonatos israelenses ilegais nos territórios palestinos ocupados, pois isso tem o potencial de ser um forte incentivo para Israel mudar as suas políticas. (3)
Passemos do plano internacional para o nacional. A primeira iniciativa da Pax Christi em Portugal remonta a 1980, com a realização de actividades ligadas à causa “Mudar as armas em acções de vida,” que tinham começado em França. Em 1984, iniciou-se o processo de criação formal da secção portuguesa, Pax Christi Portugal. A 19 de Maio de 1985, 22 pessoas vindas de Carcavelos, Coimbra, Évora, e Lisboa, aprovaram os estatutos e os órgãos. Em Abril de 1992, a Conferência Episcopal Portuguesa aprovou os estatutos. D. Manuel Martins, na altura Bispo de Setúbal, foi o seu primeiro presidente. (4)

A Pax Christi Portugal tem promovido diversas actividades e intervenções na sociedade portuguesa, nomeadamente trabalhando nas áreas da cooperação inter-religiosa e inter-cultural e da educação para a paz, em defesa do desarmamento, da desmilitarização, dos direitos humanos, das minorias étnicas, e dos refugiados.