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Reflexão: Silvina Queiroz
De mãos dadas faremos mais!

Silvina Queiroz é eleita da CDU na Assembleia Municipal da Figueira da Foz e membro da Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal.

Há factos que são absolutamente inseparáveis da pessoa a quem se referem. No meu caso indico três: o meu nome, que acho feíssimo, mas que é minha marca de água, a minha Fé protestante, calvinista e a minha inteira dedicação ao meu partido de sempre: o Partido Comunista Português (PCP). Sou uma mistura destes três ingredientes, e nenhum pode isolar-se do outro.

 

O pedido de reflexão agora colocado, é bastante exigente — a ligação da Fé que professo com o meu trabalho político, de pequena formiga. Apesar de toda a situação que nos envolve e que tem tido impacto sobre os comunistas e o PCP, algo eu tenho por certo: sinto que sou respeitada, muito respeitada, não ignorando a possibilidade de que alguma atenção para com a minha pessoa, seja “embrulhada”, de quando em vez, em alguma dose de farsa e hipocrisia. É da vida, lamentavelmente!

 

Sou eleita numa Assembleia Municipal e aí nunca me eximo a falar abertamente sobre o ponto de vista dos cristãos sobre tanta, tanta temática que se vai desenvolvendo diante dos nossos olhos. Frequentemente, como é comum em sedes que tais, são discutidos assuntos de índole social, até porque são muitas as carências a este nível, entre os naturais da terra e a população migrante, nomeadamente a asiática, aqui muito explorada no seu difícil trabalho. A minha comunidade de Fé, a Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, sempre foi muito atenta aos problemas sociais e na Figueira da Foz gere um centro social com variadas valências. Um trabalho muito esforçado, cada dia mais difícil de cumprir cabalmente, face ao aumento de bens essenciais ao seu funcionamento: víveres, energia, combustíveis. Nos meus contactos formais e informais não me canso de lembrar esta obra e quem a dirige, aproveitando o ensejo para uma vez mais afirmar a minha Fé enquanto cristã. Não me passa pela cabeça, contudo, que a sensibilidade e atenção dos cristãos ao Mundo em que vivemos e aos seus crescentes problemas, possa suplantar a atenção, sensibilidade e esforço no combate às desigualdades, por parte de outros cidadãos, professando diferentes ramos do cristianismo ou sendo simplesmente despojados de qualquer ligação religiosa, como acontece frequentemente no nosso Partido. Mas que a Fé quando vivida intensamente é uma “ferramenta” de vulto, é. Sinto-o a cada instante, na vida quotidiana, no contacto com as pessoas que encontro ou que habitualmente me rodeiam, no trabalho político também. Não é possível, (nem tão pouco desejável), deixar a religiosidade de “férias” quando em determinados contextos. Antes pelo contrário, a sua presença dá maior sentido à vontade de lutar por um Mundo melhor, um bairro melhor, um concelho ou localidade mais justos e onde valha a pena viver.

 

Uma terra de fraternidade, tolerância, compreensão das diferenças e sua aceitação. Terra de fraternidade é também o movimento ecuménico, quando consequente e empenhado. Estranho, no local onde vivo, esta incongruência gritante: pessoas com filiações e simpatias partidárias diversas, que convivem natural e afavelmente umas com as outras. Mas, como pertencem a diferentes denominações cristãs, é o “Carmo e a Trindade” para tentar trazê-las a iniciativas de carácter ecuménico ou inter-religioso. Será que existe explicação sociológica para tais atitudes? Apreciaria saber. Talvez se tornasse mais fácil encarar este problema, pois de um problema se trata. Desgastante, inconsequente, a travar um processo de trabalho partilhado que favoreceria todos.

07.10.2022

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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