Amén: Francisco Responde

Esta breve introdução pretende concretizar um enquadramento para que o visitante, do Terra da Fraternidade, conceptualize a mais-valia de “Amén: Francisco Responde”, materializar-se em filme. De facto, de forma tão fiel, só o cinema poderia retratar o Papa Francisco e como na primeira pessoa aborda os problemas da juventude neste século XXI.

“Amén: Francisco Responde” é um documentário espanhol, que estreou a 5 de Abril de 2023 com a chancela da Disney e cujo enredo consiste em promover um encontro do Papa com 10 jovens, oriundos dos quatro cantos do mundo, para que sem filtros ou cortes questionem e ouçam as respostas do Papa Francisco.

Engane-se quem pense que Francisco escolheu o caminho fácil. Pelo contrário o grupo escolhido, composto por jovens entre os 20 e os 25 anos é bastante heterogéneo, inclusivamente, no que diz respeito à crença religiosa, sendo constituído por católicos, muçulmanos, evangélicos e ateus.

Os jovens presentes no documentário possuem narrativas de vida totalmente distintas. Alguns relatam o seu quotidiano e como, na primeira pessoa, vivenciam os grandes problemas da actualidade. Problemas que atormentam não só a si e as suas famílias, mas milhões de pessoas e que nem sempre sentem ter a necessária atenção: a guerra, a exploração dos migrantes, o racismo, a homofobia e a destruição ambiental.
Num ambiente descontraído e sem ensaios, Francisco responde a perguntas de curiosidade geral, sobre quais são os seus rendimentos, se tem telemóvel, se gere contas em redes sociais ou se conhece o “Tinder”.
O diálogo flui entre os protagonistas, mas sempre marcado pela curiosidade do Papa em conhecer as histórias de vida de cada um dos jovens, seus anseios e suas preocupações.

A perda da fé ou a opção de vender conteúdos sexuais pela internet, são outros dos temas abordados e aos quais, sem julgamento, Francisco não fica indiferente.

Os jovens, por sua vez, questionam Francisco sobre matérias doutrinárias e polémicas, como o aborto, o papel das mulheres na Igreja Católica, ou os abusos físicos e psicológicos no ceio da instituição.

A todas as questões, Francisco, responde de forma humilde e expressiva, sempre sem fugir a respostas difíceis, mas demonstrando uma enorme vontade de aproximar a Igreja dos fiéis e não fiéis. Homem de grande reputação humanista, não deixa de ser reveladora e assinalável a firmeza com que reitera a necessidade de apoiar as vítimas de abusos dentro da Igreja.

Em ”Amén: Francisco responde” o espectador vê um homem vertical e humilde, sem receio de mudança e que, sem criticismos ou juízos de opinião, promove o alargamento da Igreja Católica e a sua acção para combater desigualdades e injustiças.

Persistentemente, o Papa, insiste que o papel da igreja é aceitar todos e envolver todos os crentes na luta por um mundo mais justo. Defende que a Igreja e os católicos têm de ser activos na “periferia” e não somente no centro onde é a zona de conforto, que tem de ir ao encontro de quem deles precisa e resolver os problemas de forma estrutural.

Este é um documentário revelador da luta que o Papa Francisco e os apoiantes estão a travar e com o qual é difícil não ficar solidarizado. Um documentário replecto de fraternidade e que bem podia intitular-se de “Amém: Francisco responde”, pela forma como o Papa invoca uma Igreja Católica integradora e simultaneamente procura influenciar a acção por um mundo mais justo.