O Papa pede uma economia que lute “contra a especulação que alimenta os ventos da guerra”

​O Papa Francisco pediu a 8 de Outubro por “um novo olhar” na economia, baseado no
respeito pela dignidade das pessoas.

Este foi o apelo que fez ao receber no Vaticano os participantes da conferência da fundação
Centesimus Annus Pro Pontifice sobre “Crescimento inclusivo para erradicar a pobreza e
promover o desenvolvimento sustentável para a paz”.

Francisco destacou no seu discurso que o desenvolvimento “para ser autêntico, deve ser
integral, ou seja, voltado para a promoção de cada pessoa e de toda a pessoa” e por isso “o
desenvolvimento é ou inclusivo ou não é desenvolvimento”.

O papa citou o romance recente do escritor americano Paul Auster, Sr. Vertigem, que fala da
Grande Depressão de 1929, com “agricultores e trabalhadores em todos os lugares em
estado de alarme” para explicar que “tudo começa pela forma como se olha” e “olhar para
outro de cima para baixo é legítimo, apenas numa situação: para ajudá-lo a se levantar”.

“Somos todos irmãos e se eu sou o dono de uma empresa, isso não me legitima a olhar para
os meus funcionários com um ar de desdém. Se eu sou o diretor executivo de um banco,
não devo esquecer que todas as pessoas devem ser tratadas com respeito e cuidado”,
acrescentou.

E sublinhou a importância de “o olhar humilde de quem vê em cada homem e mulher que
encontra um irmão e uma irmã a quem respeitar na sua dignidade, perante possivelmente
um cliente com quem fazer negócios” porque “só com este olhar poderemos lutar contra os
males da especulação actual que alimentam os ventos da guerra”.

Da mesma forma, destacou que “a pobreza não pode ser combatida com o ‘assistência’
social”. “Não! Ela o anestesia, mas não o combate assim”.

“Ajudar os pobres com dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para lidar com as
emergências. O objetivo real deve ser permitir-lhes uma vida digna através do trabalho",
disse ele.