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Não podemos ficar calados

19 de abril de 2024

Quase seis meses de guerra em Gaza, e as armas não se calaram. Nós, os membros da Companhia de Jesus (os jesuítas), como tantos outros católicos, cristãos, homens e mulheres de todos os credos e não crentes, recusamos a calarmo-nos.

Não podemos ficar calados

As nossas vozes continuam a erguir-se em oração, em lamento, em protesto contra a morte e a destruição que continuam a reinar em Gaza e outros territórios de Israel e da Palestina, espalhando-se para os países vizinhos do Médio Oriente.

Após os horrores dos ataques ao sul de Israel em 7 de Outubro de 2023, os bombardeamentos israelitas massivos sobre a Faixa de Gaza, a ofensiva terrestre que deixou a maior parte da Faixa de Gaza em ruínas, agora testemunhamos a fome e a propagação de doenças em Gaza. Dezenas de milhares de pessoas morreram, quase 1 800 israelitas, mais de 32 000 palestinianos (sem contar os que ainda estão por desenterrar entre os escombros). Além das vidas apagadas, há centenas de milhares de vidas arruinadas, feridas, sem-tecto e agora famintas e atingidas pela doença.

Nós, jesuítas, reiteramos o nosso compromisso de não permanecer em silêncio. É inaceitável que, apesar das tentativas, quase seis meses após o actual ciclo do conflito, ninguém tenha sido capaz de parar a matança. É escandaloso que ninguém tenha sido capaz de garantir que os residentes de Gaza tenham o suficiente para comer. É vergonhoso que ninguém tenha sido capaz de responsabilizar os belicistas. Infelizmente, lembramos que um conflito em curso na terra chamada a ser santa foi permitido continuar e apodrece como uma ferida aberta na face do Médio Oriente.

Comprometidos durante décadas nas comunidades e sociedades do Médio Oriente, nós, como jesuítas, queremos dizer que não tem de ser assim. A escolha da morte sobre a vida, da vingança sobre a reconciliação, da injustiça sobre a justiça, do interesse próprio sobre a relação, da violência sobre o diálogo, é uma escolha e não um destino predestinado. Outras opções podem ser feitas. Continuaremos a fomentar o sonho de um futuro diferente, um futuro já previsto pelos profetas nas Sagradas Escrituras. «Transformarão as suas espadas em grades de arado, e as suas lanças em podadores; não levantarão espada nação contra nação, nem se treinarão mais para a guerra.» (Isaías 2,4)

Unimos a nossa voz à do Santo Padre, o Papa Francisco, que advertiu repetidamente: “A guerra é uma derrota! Toda a guerra é uma derrota» (Angelus, 8 de Outubro de 2023). Reiteramos o nosso apelo a um cessar-fogo imediato, à libertação de todos os reféns de 7 de Outubro, às negociações e ao início de um processo que traga libertação, liberdade e justiça para todos no Médio Oriente, o único caminho para a verdadeira paz.

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