Livro do coordenador do Terra da Fraternidade salienta a importância do testemunho, da comunidade, do diálogo, e do bem comum
24 de junho de 2024
O livro "As Vozes da Palavra: Escritos de um Leigo Dominicano, Vol. I" de Sérgio Dias Branco, coordenador da equipa do Terra da Fraternidade, vai ser lançado na sexta-feira, dia 28, 19h, na Casa Municipal da Cultura de Coimbra.
Contará com a apresentação de José Augusto Bernardes, Professor Catedrático da Faculdade de Letras e ex-Director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Sérgio admitido como leigo da Ordem dos Pregadores em 2012 e fez a promessa perpétua em 2017.
Lê-se na contracapa: "Esta colectânea de textos tem o propósito de divulgar a vivência espiritual da comunidade a que pertenço: a Ordem dos Pregadores (Ordo Praedicatorum, OP), também conhecida como Ordem Dominicana. É o que este livro procura fazer através da minha voz, mas também das muitas vozes que convoco e combino nas suas páginas. A espiritualidade dominicana segue os passos de São Domingos, colocando Jesus Cristo no seu centro ao serviço da pregação do Seu Evangelho, reconciliando entre a contemplação com a acção, a espiritualidade com o compromisso. A estrutura deste volume baseia-se nos quatro pilares da OP: a oração, a comunidade, o estudo, e a pregação como missão apostólica essencial. Foi na peugada de Domingos e na espiritualidade dominicana que Deus se tornou para mim mais palpável no encontro, na fala, no conhecimento, na verdade do ser e da diferença que une."
Percorrendo o livro, sobressai a importância dada ao testemunho ligado à acção consequente, à comunidade como construção permanente, ao diálogo com outros centres e não crentes, e ao bem comum como projecto que inclui a defesa dos direitos dos trabalhadores, a preocupação com quem se sente excluído da Igreja Católica, a urgência da advocacia pela paz e pelo desarmamento, entre outros activismos.
A Parte IV do livro, com o título "Pregar o Bem Comum" inclui um texto originalmente publicado a 23 de Abril de 2020 no Pontos SJ, o portal dos Jesuítas em Portugal, intitulado "Terra da Fraternidade" e precursor do Terra da Fraternidade, nascido em 2022. Nesse texto, agora republicado no livro, lê-se sobre "Grândola, Vila Morena":
"A canção foi escrita e interpretada por Zeca Afonso e apropriada pelo povo português como símbolo da revolução democrática iniciada a 25 de Abril de 1974. Nesse dia, à meia-noite e 21 minutos, foi transmitida pelo Rádio Clube Português como segunda senha para a revolução. A primeira senha foi dada por «E Depois do Adeus», cantada por Paulo de Carvalho, na noite do dia anterior na emissão da Rádio Renascença. E o que proclamamos quando cantamos «Grândola, Vila Morena»? A amizade e a fraternidade humanas neste tempo, neste lugar. Encontrar um amigo em cada esquina na terra da fraternidade, como se diz na letra de “Grândola, Vila Morena”, evoca uma passagem do livro dos Provérbios: «Aquele que é amigo, é -o em todo o tempo; / e torna-se um irmão no tempo da desgraça» (17,17).
(...)
Os passos sobre a gravilha que se ouvem no início de «Grândola, Vila Morena» são tão justos também por isso, ao anunciarem a terra da fraternidade que Portugal há-de ser."