A Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos da Diocese de Lisboa realizou o seu Dia da Solidariedade (que preparou o Dia de S. José e Dia do Trabalhador), no dia 28 de abril de 2024, na Basílica da Estrela, refletindo e debatendo o significado deste dia para o Movimento, que também é de partilha de um dia de salário entre os militantes, fazendo parte integral do seu compromisso.
Deolinda Carvalho Machado é professora, dirigente associativa e da LOC-MTC.
No ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril, celebrámos esta data, de forma muito especial, como um marco histórico da conquista da Liberdade e da Democracia.
O lema para a nossa reflexão foi, CELEBRANDO OS VALORES DE ABRIL, DIGNIFICAR O TRABALHO: AVANÇOS E RETROCESSOS.
O Orador convidado foi o Comandante Luís Costa Correia, que participou no movimento que conduziu ao 25 de Abril de 1974, bem como na ocupação da DGS (ex-Pide), entre abril e junho daquele ano. Ocupou ainda o cargo de Diretor-Geral do STAPE entre 1975-1977, sendo responsável pela organização das eleições legislativas, presidenciais, autárquicas e regionais ocorridas em 1976. De 1977 a 1980 representou a Marinha no Ministério dos Negócios Estrangeiros, para assuntos de cooperação militar com os países africanos de língua oficial portuguesa. Posteriormente esteve ligado à Comissão Europeia, com responsabilidades pelo Serviço de Transportes e Redes de Informação Europeia em Portugal.
O Comandante Costa Correia referindo-se à organização das eleições em Liberdade salientou “que pela primeira vez incluíram mulheres”. Até aí só 14.000 mulheres podiam votar (ricas e licenciadas). Em 1975-1976 foi dado lugar paritário às mulheres. Foi abolido o direito do marido abrir a correspondência da mulher, e cada um dos cônjuges pôde exercer qualquer profissão ou atividade sem o consentimento do outro.
O estatuto da mulher remetia-a para o papel de mãe de família e dona de casa. O 25 de Abril revolucionou a vida das mulheres, devolvendo-lhes a dignidade, igualdade entre mulheres e homens, em todas as dimensões da vida, como consagra a Constituição da República Portuguesa.
Recordou-se que os Sindicatos, há 50 anos, não eram permitidos. Os “donos” da informação não deixavam passar o que se vivenciava. Exemplo disso, os quatro cidadãos mortos pela Pide, situação pouco conhecida, até agora. Claro que a geração acima dos 60 anos sentiu e acompanhou a Revolução. O mesmo não aconteceu à geração que se situa entre os 40 e os 65 anos. Mas a geração que não sentiu, educou os jovens dos 15 aos 40 anos e daí as distorções no sistema político.
Em resposta às questões levantadas pelos participantes, o Comandante Costa Correia continuou: “quando participei na Conspiração não queria ir com ideias feitas, mas deixar ao povo a decisão. Pautei a minha ação para a construção de um Estado de Direito Democrático, com eleições livres”. Considerou que a manifestação do primeiro 1º de Maio em liberdade foi de emoção. A manifestação do 25 de Abril de 2024, foi de consolidação e confirmação, do que há 50 anos se fez.
Foi lembrado o papel da LOC no combate ao fascismo e a unidade entre católicos e não católicos, em defesa da Liberdade com responsabilidade; pelo fim da guerra colonial; a libertação dos presos políticos; as notas pastorais dos bispos portugueses; a organização de eleições livres, o determinante papel dos Capitães de Abril; o papel das mulheres; os 3 D’s: Descolonização, Democratização, Desenvolvimento; a participação cidadã na resolução dos problemas concretos; o Poder Local Democrático e a importância de investir nos melhores no poder local.
Foi relembrada a importância da participação no 1º de Maio, que marcou a caminhada por melhores condições de vida e de trabalho para todos, o que implica que continuemos esta mesma luta solidária por uma sociedade mais justa e fraterna, em unidade com as organizações representativas dos trabalhadores e entre diferentes gerações.