Fraternidade

Cada ano que nasce, começa com a emblemática Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, um desejo que anima o discurso e a prática do Papa Francisco. É conhecido o seu pendor ecuménico e, enquanto cristã reformada, protestante, alegra-me muito constatar o facto. Ainda numa recente missiva à Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas (1), Francisco se alegrava pela oportunidade tida de ter estado em diálogo próximo com os seus irmãos protestantes, aquando da visita de uma comitiva reformada.

A JMJ 2023, a acontecer a partir de 1 de Agosto, terá tanto mais sentido, quanto mais a iniciativa se manifestar comprometida com o ecumenismo. Tive a grata oportunidade, e senti-me abençoada por isso, de participar numa das Conferências Ecuménicas, a II, realizada em Gratz, Áustria, na última década do século passado. O ambiente vivido era puramente mágico e inspirador. “Respirava-se” fraternidade e confiança, o que sei ir verificar-se em Lisboa aquando da Jornada. Será um acontecimento ímpar no qual se esperam muitos milhares de participantes, vindos das quatro partidas do Mundo. Anseio que venham muitos para esta festa de alegria, esperança e comunhão efectiva. Enquanto crente, desejo ardentemente que esta nova edição corresponda em tudo às expectativas. Também é meu anseio que possa vir a permitir um saudável diálogo inter-religioso e uma profícua vivência ecuménica.

A presença do Papa Francisco é um motivo extra de imenso regozijo e conforto. O evento ficará marcado “a letras de ouro”, também por via deste facto que todos saudamos efusivamente. Católicos romanos, protestantes, crentes de outras denominações. Francisco é uma personalidade ímpar e a Jornada será mais uma oportunidade de o provar cabalmente.

A caminho da JMJ 2023 e já antecipando a próxima, formulo votos de amizade, comunhão, bênçãos do Altíssimo. Que a alegria do Ressuscitado se manifeste em cada pequeno gesto, em cada prece ciciada. Que todos se experimentem cheios do Espírito Santo, tal e qual se sentiu Isabel quando visitada por Maria. A própria escolha do lema é esclarecedora quanto ao “sentir” do Papa: inspirado pelas mulheres das narrativas bíblicas, dando-lhes o relevo que merecem, num Mundo ainda tão dominado por estereótipos machistas.

Oremos pelo êxito da iniciativa e por mais passos trilhados na senda do ecumenismo que acarinhamos.