top of page

Estar próximo dos outros- Intenção ou realidade?

Uma interrogação justa e adequada que se coloca agora ainda mais, quando partiu Francisco e chegou Leão XIV, o Cardeal Robert Prevost, oriundo da Ordem de Santo Agostinho, com passagem pelos EUA e pelo Peru, entre outras realidades.

Estar próximo dos outros- Intenção ou realidade?

Durante cerca de 12 anos o Papa Francisco destacou a importância da proximidade da Igreja Católica, sobretudo com os mais pobres, oprimidos e necessitados, sublinhando que ser solidário não era apenas ser caridoso mas sim contribuir para ultrapassar dificuldades e traçar caminhos para o futuro. O que esperar de Leão XIV? Vai manter o mesmo rumo ou alterar a trajectória de proximidade? Os tempos dirão, com muita confiança!

Não deixando de observar a intenção manifestada pelo então prefeito do Dicastério para os Bispos, hoje Leão XIV, que é a de “ mudar o paradigma de uma “estrutura de poder”, com mais organismos de consulta, nas dioceses e paróquias … no processo de escolha de bispos e no papel dos núncios, representantes diplomáticos da Santa Sé em todo o mundo”. Veremos até onde irão os avanços e as consequências práticas.

Retomando a questão da “estrutura de poder”, neste caso, do Estado laico, avultam as próximas eleições para as autarquias locais - Freguesias e Municípios – que serão seguramente um momento importante. Em que duas não só importantes mas mesmo decisivas opções fundamentais estarão em confronto. Uma. a opção, que ainda que apresentando laivos e palavras de modernidade, conduz ao real afastamento das populações da resolução dos seus problemas, menorizando ou mistificando a democracia participativa, privatizando e preterindo as soluções. Outra, a opção de quem assume que estar de facto próximo das populações, significa e obriga a ajudar, amparar, discutir, unir e decidir com todos, com quem tem dificuldades, recusando assim ficar indiferente e neutro face aos problemas da “polis” e rejeitando que ser solidário seja apenas ser caridoso, porque é possível e necessária a participação, a intervenção e a luta das populações na resolução dos problemas, com todo o impacto que tem na sua vida, pessoal e colectiva. O que implica e impõe estar próximo dos outros, das populações, dos trabalhadores, do “povo miúdo”, com Trabalho, Honestidade e Competência.

E esse tem sido o contributo determinante e decisivo do Poder Local Democrático, decorridas cerca de cinco décadas da sua instauração, enfrentando e resistindo aos poderes instalados, vencendo obstáculos, resistindo às transferências forçadas de competências da Administração Central para o Poder Local, com os seus enormes encargos e responsabilidades e sem os meios adequados e suficientes de suporte para a sua concretização.

Retomando Francisco e a sua ideia de que estar próximo dos outros é concretizar Jesus, porque permite conhecer melhor, alargar a partilha e envolver na concretização dos projectos e trabalhos a favor da Casa Comum, que sirvam as comunidades e os territórios e não apenas os limitados interesses, muitas vezes individualistas, e os grandes negócios.

É justo sublinhar, hoje e aqui, que importa nunca desistir de caminhar juntos.
Como no caminho sinodal, traçado por Francisco, estar próximo não pode ser ocasional ou pontual, tem de ser um processo constante, consciente e amplamente colectivo.

4/06/2025

bottom of page