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Laudate Deum

É o título da Exortação Apostólica do Papa Francisco, publicada a 04 de outubro de 2023.
É um texto que dá seguimento e atualiza a Encíclica sobre a ecologia, Laudato Si, em Louvor das Criaturas.

Laudate Deum

José Luís Rodrigues é padre e pároco de São Roque e São José, no Funchal.

De acordo com a minha leitura este texto acompanha dados curiosos e chamadas de atenção que não podemos deixar passar em branco.

Uma novidade interessante, é que reafirma definitivamente a atenção e seguimento da Igreja Católica face à ciência, os seus avanços, as suas chamadas de atenção e denúncias dos vários atentados ambientais. E juntando a sua voz à da ciência, reafirma todas as consequências que tais atentados estão a provocar na natureza com graves consequência para a humanidade e toda diversidade ambiental.

Os danos e riscos do aquecimento global estão aí diante dos nossos olhos. A necessidade de arrepiar caminho perante tais danos é uma necessidade que se impõe a toda à humanidade.

Denuncia a ganância, a corrida aos lucros desenfreados de alguns insensíveis diante do bem comum e da nossa casa comum, o Planeta terra. Reitera, mais uma vez o Papa que «tudo está interligado» e «ninguém se salva sozinho» (n. 19).

Não menospreza de todo «o crescimento do paradigma tecnocrático», mas alerta para que esse crescimento não se reduza a uma forma de domínio de alguns sobre as maiorias, mas um caminho de melhoria das condições de vida para todos os povos, sem violência sobre a natureza que nos rodeia. O Papa diz: «A vida, a inteligência e a liberdade do homem estão inseridas na natureza que enriquece o nosso planeta, fazem parte das suas forças internas e do seu equilíbrio» (n. 26). Afinal, somos a todos os níveis da natureza, somos natureza inteiramente. A assim, todos os cuidados são poucos, porque o maior perigo do mundo e da natureza é a própria humanidade.

O Papa refirma que «a lógica do máximo lucro ao menor custo, disfarçada de racionalidade, progresso e promessas ilusórias, tornam impossível qualquer preocupação sincera com a casa comum e qualquer cuidado pela promoção dos descartados da sociedade» (n. 31). As desgraças que nos acompanham resultaram de algo muito cruel que nos tem feito todos singelos cordeiros, pois, permitiu que se fosse somando «muitos danos considerados toleráveis que acabou por nos levar à situação em que nos encontramos agora» (n. 30). Nenhum mal é tolerável e não podemos achar que há males pequenos e pior ainda se os seus autores são nossos amigos ou que nos interessam de alguma forma.

O Papa reincide na ideia de que é preciso «redesenhar o multilateralismo», a «subsidiariedade global» e apela aos cidadãos para que controlem o poder político – nacional, regional e municipal» (n. 37 e 38). Sem os cidadãos, «não é possível combater os danos ambientais» (n. 38).

O Papa releva a necessidade de responder com «mecanismos globais aos desafios ambientais, sanitários, culturais e sociais, sobretudo para consolidar o respeito dos direitos humanos mais elementares, dos direitos sociais e do cuidado da casa comum» (n. 42).

Fala da guerra da Ucrânia e das graves consequências que acarretou para o mundo inteiro, pois, «causou uma grave crise económica e energética» (n.50). Todos nós bem estamos a sentir a desgraça desta guerra e das outras que estão novamente na forja.

Por fim, insiste que bastaria nunca prevalecerem «os interesses nacionais sobre o bem comum global» (n. 52). Pode ser já um grande avanço e garantida de salvação do planeta e da natureza, se os países deixaram a hipocrisia política de lado e não se concentrarem nos «seus pequenos interesses e pensar em grande» (n.54).

Um texto que merece ser lido com atenção.

18/11/2023

A equipa assume a gestão editorial de Terra da Fraternidade, mas os textos de reflexão vinculam apenas quem os assina.

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